O gato da Alice

Ele é desde sempre o gato da Alice.
Foi assim que imaginamos desde cedo suas peripécias.
Lécio é um homem grande que investe doçura na graça da vida. Ele beija os momentos com suavidade que só os seres de água conseguem.
Ele é um abraço gigantesco. Um moço londrino perdido nas brumas da Rua Augusta.
Um gato de unhas afiadas e carente de colo. Ele é melancólico, bucólico, eólico, diabólico, metabólico.
Ele é um luxo de gente, como desses luxos que nao se fazem mais.
Lécio é um grande fingidor, da dor que deveras sente.
Sua ocupação mais suprema é ser o dono da Jade.
A Jade cuida desse gatinho, por vezes assustado, por outras irritado.
Lécio é daqueles amigos que, mesmo distante, está sempre aqui na saudade.
Lécio é inteligente e saca coisas que os seres normais vão levar um milhão de anos para entender.
Ele é um homem grande e doce e engraçado e agudo e vivo e quente e amigo e parceiro.
Gostar dele é buscar em cima do armário aquele brinquedo escondido que quando pequenos era o nosso encanto.
Sinto muito a sua falta. Como nós já concluímos, se morássemos os dois na mesma cidade já teríamos sido crucificados e queimados por nossa aguda ironia e mania de ver graça em tudo.
Amo Lécio com vontade.
Um beijo meu querido amigo!