Monday, September 04, 2006

De como o sol rompe tudo

O sol rompe tudo, vence a manhã incrivelmente gelada, colore pés de árvores secos, embala velhinhos enrugados nas calçadas daqui.
Pula, escala, ilumina até o humor mais azedo mais duro mais sem paciência dessa manhã que caminha tão devagar entre esses carros tão sujos sujos sujos.
Suja a rua porque venta, papéis e folhas, como tem folha seca nessa cidade tão azul quando esse sol anuncia novas primaveras.
Leio blogs e me assusto às vezes com dores tão geladas, com mãos tão vazias. Esqueço por momentos de como é difícil achar mãos macias que peguem macias as nossas mãos tão geladas.
Mas é sol, tem sol, é azul e branco, e dourado e laranja e verde e gente, tanta gente.
O sol faz cócegas no meu humor, me faz esquecer que tenho mágoas, me deixa lembrar que logo vem a primavera cuspindo seus verdes e azuis e amarelos e vermelhos e roxos dos ipês que fazem os pesadelos das faxineiras.
Mais uma manhã onde o sol rompe e rasga tudo, coloca tudo no lugar errado e ao mesmo tempo tão certo.
Guardo raios de sol no meu bolso, porque às vezes chove.
Quantos raios de sol cabem no teu bolso?

1 Comments:

Blogger Cristiano Contreiras said...

O Sol clama, interrompe tudo, impera os sentidos plenos.

7:30 AM  

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