Friday, August 13, 2004

De volta ao eixo

Ninho, eixo, foco, porto, centro, chame como quiser, mas minha casa é tudo isso e mais muitos mais inexatos e seguros significados.
Nesse refúgio amarelo e azul num Bom Fim que não é Baiano mas judeu, mora esse cigano filho de Oxum e Xangô.
Voltei para dormir embaixo do cesto de limas, onde o anjo que eu não conhecia vela meu sono e embala minhas tormentas dominicais.
Agora passou o travo na garganta, agora eu posso pensar e escrever sobre tu.
Sobre o inesperado dando risada às minhas custas.
Desavisado aviso. Fui de encontro a um sorriso tímido e devastador.
As manhãs bem que tentaram me avisar da paixão iminente, mas eu não dei ouvidos, típico. Totalmente típico.
A vida toda me joguei dentro de furacões achando tudo lindo, eu acho o perigo lindo, o descontrole essencial, a catástrofe doce e necessária.
Mas não sabia... Não sabia que iria querer tanto e tanto ser querido.
Todos os frutos tem um caroço, alguns caroços tem nome de gente.
Tive que alçar vôo nesse lotado avião para chegar num lugar com nome de caroço.
E constatar que o carinho me alucina, me tira do eixo e me trouxe até aqui.
Queria viver mil vidas diferentes, mil pactos de sangue feitos por entre os guardanapos amassados na mesa de bar.
Quis muito, quis mais, quis tudo.
Quando eu queria gritar teu nome aos quatro ventos e proclamar que meus poros estavam abertos de novo e que o sol batia no lado da cama, tu dissestes não, não posso, não dá.

Recolher as asas depois de abertas dói muito.
Quis viver mil vidas diferentes, queria viver uma vida onde tu estivesses aqui a meu lado e esse texto não fosse necessário ser escrito nem sentido.
Queria um mundo onde eu tivesse entrado por aquela porta veneziana e tu tivesses me encontrado pela primeira vez.
Encontre-me de novo pela primeira vez.
Vamos criar outro início, ou é tarde demais?

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